Antologia de poemas (IV)
Por Bernardo Buarque de Hollanda
Manhã na concha das mãos
Murmúrio cristalino,
Espuma prateada.
E vem um menino
Na onda ensolarada.
Biblioteca sentimental
Como uma frondosa castanheira,
que encobre o céu com sua copa,
vejo a estante de meu avô,
cacheada de livros muito antigos.
Indevassável, perco-me na vastidão de ramos,
Até que um fruto maduro cai.
Envergo-me e colho-o ao chão
Apalpo a casca espessa, roço suas folhas,
Quando, à face de uma página, brota a imagem de vovô,
Deitado em sua rede, a rir e a se balançar.
Dom Quixote, Policarpo Quaresma, Clara dos Anjos.
Solitária leitura, solitários personagens
Que, na poeira do tempo,
Vô Pedro deixou com bondade.
De uma aldeia portuguesa
Aninham-se os olhos da anciã no interior da casa,
Silente morada.
Portas cerradas, janelas anoitecidas.
Repousam, embora, ainda
Naveguem sob o véu da memória,
A trazer o mar, a ilha, a infância…
Edição Final: Guilherme Mazzeo
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