Antologia de poemas (II)
Por Bernardo Buarque de Hollanda
Engenho das lágrimas
Rústico e precário é o engenho,
Descascado pelo tempo.
Na Posse dos Coqueiros fica,
Fazenda de meu avô.
Vovô, que viveu em chácara,
Que gostava de bichos.
Das vaquinhas holandesas, qual seu sobrenome,
Alvas e avermelhadas.
Dos cavalos com nomes de cor:
Baião, Veludo, Dourado.
Das cantigas repetidas,
Dos versos recitados.
O pequenino monjolo mói lembranças, mói lágrimas.
Flor livre
Se pétalas são asas,
Borboleta é flor que voa.
Desaprumado
Céu azul cristal, sem flocos de nuvem no ar.
Nos fundos de uma casa, estendem-se roupas em um varal.
Cor de canela, um passarinho pousou ali.
Deu rodopios no cordel, ganhou afeição ao lugar.
Em vaivéns, canelinha ziguezagueou por entre as blusas,
Os lençóis, as toalhas.
Com um voo rasante, respingou-se na água de uma bacia,
Pequenina bacia.
Ante o alvoroço do passarinho, a dona da casa bradou:
– Arre, desaprumado!
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