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GV CULT - Criatividade e Cultura

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13/02/2015 15h06

Por     André Dib

Estava em busca de liberdade. Queria poder viver a vida a sua maneira. Fazer o que quisesse no horário que julgasse apropriado e deixar de fazer aquilo que não via sentido. Foi por isso que decidiu viajar.

Comprou um bilhete de volta ao mundo e foi. Seria quase um ano viajando por todos os continentes. Conheceria algumas dezenas de países, algumas ilhas e muitas, muitas cidades. Seria uma expedição e tanto. Conheceria pessoas e culturas diferentes, religiões e crenças que jamais imaginaria que existissem. Passaria por alguns apertos, mas teria a recompensa que buscava: a liberdade.

No decorrer da viagem, aprendeu um bocado. Se virou para se comunicar em países que não conhecia a língua, experimentou comidas que nem sabia que poderia comer. Conforme o tempo passava, acumulava cada vez mais histórias, cada vez mais pedaços de vida. Sentia-se como se estivesse realmente vivendo. Como se tivesse encontrado um sentido pra vida.

Mas sabia que a viagem não duraria para sempre. E que não poderia passar o resto de sua vida viajando. Percebeu que a tão mirada liberdade, não era plena. Não era tão real quanto imaginava.

E em um de seus destinos, percebeu algo. Não existiam espelhos há um bocado de anos atrás. O máximo que um cidadão poderia se ver seria em um reflexo de água. O espelho mostra que você é. Ele mostra qual a sua cara. Mostra seu estado real. Quem não passou alguns dias sem se olhar no espelho talvez não tenha percebido a grande diferença visual em um intervalo curto de tempo.

Como não havia espelho, as pessoas dependiam umas das outras para saber como estavam. Deviam acreditar no que lhes era dito e pronto. Você é a opinião do outro. Você é o outro.

E quando você se olha no espelho, não é real. É apenas um reflexo, do seu ponto de vista. O olhar carrega consigo tudo aquilo que ele já viu. Cada um tem o seu olhar. Ninguém vê um mísero objeto da mesma forma, nem que seja um tijolo.

Foi quando percebeu que não viajava para conquistar a liberdade. Mas sim, para se conhecer. Ao conhecer o outro, você se conhece. O outro é um espelho, no qual você vê aquilo que também é e aquilo que não é.

Somos aquilo que experienciamos. E não estamos em busca do sentido da vida. Mas sim, em busca de uma experiência de estar vivos.

Aquilo lhe bastou. Continuou a viagem com atenção redobrada para tudo aquilo que lhe rodeava. Se via nas coisas e nas pessoas.

E a liberdade que conquistou, foi a de saber que um pedaço seu estava em cada canto por onde passou, assim como um pedaço de cada canto estava em si mesmo.

Edição    Filipe Dal'Bó e Samy Dana

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.