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GV CULT - Criatividade e Cultura

ENEM e sua aproximação com outras formas de avaliação

GVcult

23/01/2015 11h44

Por    Gesley Fernandes

Mais um ano começa e temos notícias dos resultados do ENEM. O novo ministro da Educação, Cid Gomes (PROS/ CE), anunciou os resultados e o desejo de que a prova se transforme em um dos indicadores da qualidade da educação do ensino médio.

E como todo ano temos alguns fatos que mais chamam atenção da mídia. Esse ano foi o baixo número de redações que alcançaram nota máxima na redação, apenas 250 em um universo de quase nove milhões de inscritos. Também houve um número grande de redações que zeraram nessa disciplina. Temos que lembrar de que o tema escolhido é pertinente à vida da maioria dos jovens que fizeram a prova, mas não era um tema presente no cotidiano desses. Focada no debate acerca da propaganda infantil, a redação pode ter se mostrado difícil para quem está acostumado com o ensino conteudista.

A indústria de cursinhos ganha milhões para ensinar aos estudantes receitas de bolo sobre como escrever sobre temas chaves como eleição, falta de água no sudeste, copa do mundo, etc. O interessante é perceber que, com essa escolha de tema, o ENEM acaba por equalizar as relações na hora de fazer a prova.

Ao escolher um tema que não está tão em voga na mídia, esse tema também não está sendo treinado e decorado a exaustão por quem faz cursinho. Assim, se consegue minimizar uma das pontas que faz diferença na hora da escrita de uma redação. Mas, mesmo com esta vantagem, temos um ponto ruim e que talvez explique o baixo número de pontos máximo alcançados. Para um bom texto e bons argumentos é preciso um mínimo de contato com o tema.

Mas mesmo esse problema é pequeno diante do ganho de equalizar os resultados por outras habilidades que não acesso privilegiado a conteúdos. O aluno que mesmo não tendo cursinhos para lhe dizer e lhe treinar a acumular argumentos prontos de temas da moda, pode através de técnicas de redação elaborar um bom texto com começo, meio e fim.

O ENEM se transformou nos últimos anos em uma alternativa para se acessar o ensino superior que não seja o vestibular. Até mesmo a USP com o novo reitor (com todos os problemas de sua gestão) tem levando adiante debates acerca de se utilizar realmente essa prova como forma alternativa à FUVEST. Seria um ganho imenso para a mais importante Universidade brasileira.

Temos um sistema educativo injusto, que torna o acesso à universidade como fim último da educação básica e que, por vezes, na sua ponta privilegia o ensino conteudista. Trazer estudantes que apesar desta forma de educar (mais notadamente no sistema público) para acessar as universidades federais e bolsas no PROUNI é um ganho tremendo.

Tem-se que avançar muito nos sistemas de acesso às universidades e debatermos como as políticas de acesso se relacionam com o ensino médio. Ter uma prova que fuja do senso comum dos cursinhos já é um começo.

Edição    Filipe Dal'Bó e Samy Dana

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.