Topo

GV CULT - Criatividade e Cultura

O eterno Chaves

GVcult

30/11/2014 09h00

Por Luciana Garcia.

Tive a oportunidade de entrevistar Roberto Bolaños, o Chaves, entre 1999 e 2000, depois de tentar durante um ano obter retorno dele via internet por intermédio da Televisa e de assessores. Quando finalmente consegui, com exclusividade (à época, havia sido feita apenas uma entrevista curtíssima pelo SBT), tive muita dificuldade em publicá-la pois os veículos não se interessavam.

Por fim, publiquei-a na Folhinha, mas a matéria foi totalmente editada, eliminando a maior parte da entrevista. Além disso, para conseguir a publicação, fui obrigada a "incrementar" o texto, colhendo depoimentos de três personalidades brasileiras, porque parece que a entrevista por si só não tinha apelo suficiente.

As três personalidades eram Ziraldo, Ruth Rocha e o cineasta Cao Hamburguer, responsável por programas de como Castelo Rá-Tim-Bum. Nesse dia, tornei-me fã deste último, pois foi ele o único a valorizar o trabalho de Bolaños.

Confesso que, à época, achei o próprio Bolaños um pouco arrogante, porque nas respostas ele fazia questão de dizer que o trabalho dele ia além do público infantil e que não era apenas comediante, mas escritor, pintor, filósofo, etc. Hoje, entretanto, compreendo bem a postura dele nas respostas, pois, infelizmente, nós temos de nos provar sempre, porque pouco valor é dado a trabalhos de muita relevância.

Para mim, Bolaños é um gênio e um ídolo. Gênio porque, apesar de copiar outros gênios, como Chaplin e, aparentemente, até mesmo Mazzaropi, ele o fazia com muita inventividade, simplicidade, carisma e carinho – muito mais homenagens que plágios. Gênio também porque, com repetições e poucos recursos, conquistou crianças e adultos do mundo todo (e principalmente no Brasil, seu maior público fora do México), transmitindo valores puros, provocando riso espontâneo, trazendo diversão crítica. Daí também o ídolo.

Os intelectuais dizem que Chaves é bobagem. Eu penso que, se fosse, não conquistaria tantas gerações pelo caminho da emoção, nem sustentaria tantos anos vivo mesmo após o término das gravações, na década de 1970 (quando eu nasci!). Além disso, ele simplesmente encanta o público a que se dirige: as crianças. Elas o aprovam, e isso basta. Na verdade, para acessar o que Chaves tem de melhor, não é preciso pensar; apenas sentir e se deixar levar. E isso não sucumbe a nenhuma análise racional.

Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.

LucianaGarcia

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.