O eterno Chaves
Por Luciana Garcia.
Tive a oportunidade de entrevistar Roberto Bolaños, o Chaves, entre 1999 e 2000, depois de tentar durante um ano obter retorno dele via internet por intermédio da Televisa e de assessores. Quando finalmente consegui, com exclusividade (à época, havia sido feita apenas uma entrevista curtíssima pelo SBT), tive muita dificuldade em publicá-la pois os veículos não se interessavam.
Por fim, publiquei-a na Folhinha, mas a matéria foi totalmente editada, eliminando a maior parte da entrevista. Além disso, para conseguir a publicação, fui obrigada a "incrementar" o texto, colhendo depoimentos de três personalidades brasileiras, porque parece que a entrevista por si só não tinha apelo suficiente.
As três personalidades eram Ziraldo, Ruth Rocha e o cineasta Cao Hamburguer, responsável por programas de como Castelo Rá-Tim-Bum. Nesse dia, tornei-me fã deste último, pois foi ele o único a valorizar o trabalho de Bolaños.
Confesso que, à época, achei o próprio Bolaños um pouco arrogante, porque nas respostas ele fazia questão de dizer que o trabalho dele ia além do público infantil e que não era apenas comediante, mas escritor, pintor, filósofo, etc. Hoje, entretanto, compreendo bem a postura dele nas respostas, pois, infelizmente, nós temos de nos provar sempre, porque pouco valor é dado a trabalhos de muita relevância.
Para mim, Bolaños é um gênio e um ídolo. Gênio porque, apesar de copiar outros gênios, como Chaplin e, aparentemente, até mesmo Mazzaropi, ele o fazia com muita inventividade, simplicidade, carisma e carinho – muito mais homenagens que plágios. Gênio também porque, com repetições e poucos recursos, conquistou crianças e adultos do mundo todo (e principalmente no Brasil, seu maior público fora do México), transmitindo valores puros, provocando riso espontâneo, trazendo diversão crítica. Daí também o ídolo.
Os intelectuais dizem que Chaves é bobagem. Eu penso que, se fosse, não conquistaria tantas gerações pelo caminho da emoção, nem sustentaria tantos anos vivo mesmo após o término das gravações, na década de 1970 (quando eu nasci!). Além disso, ele simplesmente encanta o público a que se dirige: as crianças. Elas o aprovam, e isso basta. Na verdade, para acessar o que Chaves tem de melhor, não é preciso pensar; apenas sentir e se deixar levar. E isso não sucumbe a nenhuma análise racional.
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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