Distância "secular"
Por Silvia Goes.
Fico imaginando como era o estudante de música no século XVIII (época em que o estudo formal da música se inicia). Qual era a música que ele ouvia e tocava? Sem dúvida, a percepção harmônica era mais estimulada, pois as composições da época traziam um número maior de complexidades. A orquestra oferecia sonoridades que destacavam com ênfase os caminhos harmônicos. Mesmos as composições mais simples, mais singelas, prezavam pela harmonia necessária.
Talvez até pela ausência das palavras, o compositor se dedicava a criar uma melodia e uma seqüência harmônica que fosse capaz de transmitir o que ele desejava dizer.
E era em meio a esse cenário musical que o jovem estudante de música se desenvolvia.
Um dos comentários freqüentes que ouvimos hoje em dia é sobre a ausência de grandes compositores – em proporção ao que já existiu em outros séculos. E é essa a questão que hoje me cerca.
Como vive o nosso jovem estudante de música hoje? O que ele ouve? O que ele toca? Como desenvolve suas referências harmônicas? De que maneira ele quer se comunicar?
O som consumido atualmente está extremamente rico em timbres, efeitos, ritmos e palavras, porém muito pobre harmonicamente.
Como esperar que um novo compositor pense em caminhos harmônicos, tenha necessidade deles, procure por eles, se ele não convive mais com essa sonoridade?
É mais ou menos como o respeito pela sabedoria daqueles que já viveram muitos anos. Se uma criança não vê seus pais respeitando os mais velhos, ela não saberá que essa é uma atitude boa para aprender. Assim como se ninguém proporcionar a ela a possibilidade de ouvir músicas bem harmonizadas, não saberá reconhecer a falta de harmonia no som que ela consome. E quando ela vai para uma escola estudar musica, não consegue entender aquela teoria. E finalmente, se um dia ela quiser ensinar música para alguém, não saberá explicar o que está ensinando!
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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