Somos mais, e não menos!
Por Angela Costa de Souza.
Após alguns dias off, volto para compartilhar com vocês coisas que me intrigam. Estive acompanhando de longe alguns protestos sobre a copa do mundo, e vi pessoas com cartazes "Não vai ter Copa". No mesmo instante, me recordei da música de um dos meus ídolos, Cazuza, que dizia:
"…Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro…"
Desde meados do ano passado, quando saímos às ruas contra o aumento abusivo das tarifas de transporte público, fomos repreendidos e o poder público respondeu que somos ladrões, drogados e estudantes baderneiros… Alguma coincidência com a música acima?
Ao mesmo tempo, leio notícias que dizem que o gestor cultural é o profissional do futuro, e é neste momento que reflito sobre uma situação curiosa: quando estamos no Brasil, qualquer estrangeiro é idolatrado. Se é europeu nos sentimos inferiores, se fala inglês, o colocamos em um pedestal; mas quando estamos em outros países somos tratados como 'intrusos'. Não temos benefícios, não podemos participar de algumas promoções, somos submetidos a trabalhos que não fazemos em nosso país porque os nativos não se propõem a fazê-los. Enfim, sempre somos vistos como estrangeiros, e com delicadeza e legislação somos colocados em nossos lugares.
Pois bem, e o que tudo isso tem a ver com o mercado cultural? Na minha visão, tudo!
Para que o gestor cultural seja o profissional do futuro, precisamos dar mais atenção à nossa cultura e começarmos a mudar a visão sobre o nossos valores. É muito importante conhecermos o que acontece em outros países, mas esta relevância deve estar relacionada com a troca, e não com a submissão. Temos muito a mostrar, aprender e ensinar, e não devemos esquecer de nossas qualidades em ocasiões adversas.
Dizer que não vai ter copa é utopia, e sabemos disso. Contudo, cobrar o retorno do dinheiro investido e a utilização devida do lucro obtido com a movimentação turística neste período, é nossa obrigação! Penso que seja mais inteligente pouparmos energia agora e nos prepararmos para o depois, no momento da cobrança, no qual a população não pode ser taxada de ingênua, burra ou esquecida ou baderneira.
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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