ctrl c + ctrl v: um manifesto
Por Carlos Bernardina Jr.
Um dos fenômenos culturais mais discriminados pela intelligentsia artística nos últimos 30 anos foi a prática da remixagem. A ideia de criar a partir da recombinação de elementos forjados por terceiros sofreu duras críticas e foi mesmo desconsiderada pela crítica artística e musical durante certo tempo. Porém, se antes o remix era considerado algo menor em relação ao que seria uma expressão artística legítima, hoje a prática já é considerada símbolo de toda uma geração de criadores que parecem não se preocupar muito com o fantasma da aura na obra de arte.
Pois em 2009 o cineasta e cyberativista Brett Gaylor lançou o documentário, RIP – A remix manifesto, no qual levanta alguns dos debates mais pertinentes sobre o nosso tempo: o uso da cultura como instrumento de dominação simbólica, política e econômica; a importância de superar este tipo de uso histórico da cultura, para que possamos construir uma sociedade efetivamente livre; os perigos de uma estratégia econômica baseada no controle sobre a criatividade humana para os rumos da sociedade democrática; a necessidade de uma profunda reformulação no paradigma jurídico que regula as atividades criativas, para que a sociedade do conhecimento não termine se voltando contra si mesma; as contradições e tensões criadas pela indústria cultural em busca do controle econômico sobre a atividade criativa humana, trazendo grandes riscos para o pleno funcionamento das instituições democráticas.
Os debates sugeridos pelo documentário em torno da natureza do processo criativo humano são da maior importância. Até que ponto a própria noção de autoria precisa passar por um processo de reformulação vertical, num mundo absolutamente transformado pelo paradigma digital em rede? Por tudo isso, Rip – A remix manifesto, é um daqueles filmes para se assistir várias vezes, sempre trazendo novos insights e ampliando nossa visão a respeito de tudo que nos cerca.
Para assistir:
http://www.youtube.com/watch?v=lcuDe4iGI6s
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.




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