Por Angela Costa de Souza.

Desde abril deste ano se fala em Vale Cultura. Sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo fui pesquisar e conversar com profissionais do mercado e, deparei-me com opiniões divergentes que cada vez mais me fizeram repensar e refletir em todas as escalas, desde quem fez o projeto do Vale até aqueles que o utilizam.

Voltando um pouco na história romana e lembrando-se da política do 'pão e circo', começamos a ver que novos modelos de fazer política não são tão novos assim. Acho legal dar assistência alimentícia à população, uma vez que em qualquer lugar do país conseguimos comprar comida e ajudou muito famílias de lugares distantes que sofrem com impactos climáticos, como por exemplo, a seca. Tá, mas e o 'circo'?

Ah, o 'circo'! Esse sim é intrigante. Não acho tão legal alegar estímulo cultural à população oferecendo um cartão com R$ 50,00 para o funcionário que ganha até três salários mínimos. Não é pelo valor, é pela realidade do nosso país, dado que 90% dos municípios brasileiros não possuem salas de cinema, teatro ou museu, então vale cultura?

Um dos argumentos governamentais é que a população precisa ter acesso à cultura em suas diversas formas como shows, peças teatrais, cinema, museus, livros, CDs, instrumentos musicais etc. O problema não é o que se pode comprar com o vale cultura, é justamente chegar até a cultura.

O papel do governo, nesse caso e na minha humilde opinião, deveria ser de incentivar mais atividades culturais gratuitas e que cheguem em todas regiões do país. Como democratizar o acesso quando o cidadão mora em Jacareacanga no interior do Pará? Qual o cinema mais próximo? Qual foi a última peça de teatro que assistiram? Questões como essas não saem da minha cabeça, porque atualmente vivo em São Paulo e, mesmo aqui os moradores de bairros distantes do centro encontram dificuldades quando querem assistir a um filme, por exemplo.

Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.