Mercado Cultural
Por Angela Costa de Souza.
Vivemos uma época de transição, quebra de paradigmas e de evolução frenética da tecnologia. São diversas gerações com pouca diferença de idade, mas muita de comportamento. E isso se aplica às empresas e a seus comportamentos institucionais.
Enquanto pensava em que escrever neste primeiro post, dei aquela olhadinha despretensiosa no face e li o depoimento de um querido amigo que trabalha numa produtora musical. Ele tinha feito palestra, cujo tema foi a "Música como Produto" do mercado cultural, e se deparou com ouvintes que o provocaram porque estavam ali, em primeira instância, pela "Música como Paixão".
Isso foi o que eu precisava; parei pra pensar que dependemos de patrocinadores para podermos produzir, e muitas vezes o que eles querem pagar não é o que temos a oferecer. No mundo ideal, a visão do produtor cultural é sempre voltada para a realização de um projeto idealizado por ele, ou por alguém que acreditou que poderia ajudar no desenvolvimento do país e optou pelo caminho das artes.
No mundo real as empresas utilizam mecanismos de incentivos fiscais à cultura para patrocinar projetos que trarão algum tipo de retorno. Hoje, por exemplo, são elas que ditam o que estará em cartaz ou se teremos filmes brasileiros ou alemães nas salas de cinema. Outro ponto com que nos deparamos é a falta de profissionalismo de alguns produtores que fazem um péssimo uso da lei Rouanet.
Mas também existem instituições que fazem um trabalho importante para que o segmento cultural seja cada vez mais profissional, sério e transparente, o que demonstra que é uma área em ascensão e que precisa de profissionais íntegros para desenvolvê-la.
Quando você trabalha com cultura há situações difíceis, ou que se colocam em questionamento, na hora de executar projetos. O artista quer a arte pela arte, o patrocinador quer a arte pelo reconhecimento de sua marca e pelo alinhamento com seus princípios organizacionais. Já o produtor quer realizar o projeto de maneira que contemple as duas partes, sem perder a essência da arte e mantendo a visão coorporativa estratégica.
O ponto principal é que a produção artística é fruto de um produto do mercado cultural, e alinhar a leveza artística com o peso do capitalismo é um trabalho árduo, que exige autocontrole, conhecimento e muito jogo de cintura.
Posso falar que trabalhamos muito, encontramos histórias inesquecíveis e pessoas inspiradoras, mas a verdade é que trabalhar nesse mercado é trabalhar para um povo, é fazer com que a nação se aproprie de sua própria cultura.
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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