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GV CULT - Criatividade e Cultura

E se o acaso não nos proteger enquanto andarmos distraídos...

GVcult

25/02/2015 10h04

Por    Karina Cassiano    

Em pleno presente, que parece futuro, o Homo Sapiens organiza uma excursão que será acompanhada em formato de Reality Show para Marte. Com uma particularidade: a passagem e só de ida. Mesmo assim, a empresa holandesa que realiza tal convite recebeu mais de 10 mil e-mails com inscrições de mais de 100 países…Com tanta tecnologia e criatividade humana é provável que, em breve, tenhamos noticiários de TV comunicando o lançamento de mais um invento revolucionário: O Detector de Vida Útil Humana.

Este revolucionário equipamento (ou quem sabe um APP) pode nos dizer de forma confiável o dia ou mês ou ano em que iriamos findar nossa experiência terrena.

Quem teria coragem de comprar/usar este invento!? Se estivesse em suas mãos agora apertaria o botão calcular? Acredito que estas 10 mil pessoas inscritas para Marte diriam sim e, ao realizarem a inscrição, apertariam o Botão para realizar o sonho de "heróis" sacrificando a própria existência para descobrir o horizonte que nenhum outro de nossa espécie antes ousou navegar.

Digamos que a coragem apareceu para nós… seres comuns… covardes para pisar em Marte, mas prontos para pisar em território mais perigoso: nossa consciência! Sim, decidimos e resolvemos assumir o risco do conhecimento… mas o que mudaria em nossa rotina? O que mudaria em nossas escolhas? O que mudaria em nossa forma de lidar com problemas, pessoas, mágoas? E o mais importante, como lidaríamos com o precioso tempo?

Ah, o tempo! O grande "vilão" do ser humano… ponto de estudos seríssimos de muitos cientistas que dedicam todo seu tempo e vida a desvendar seus mistérios. E quanto mais sabemos, mais confusos ficamos em encontrar uma "solução" de como melhor lidar com ele…Astuto, irreverente, dono de si e, muitas vezes, deixa transparecer parte de sua personalidade mais forte se tornando egoísta e implacável…não há negociação… quando ele decide está feito… não há barganha… como vencer este vilão ou podemos chamá-lo de herói?

Seriamos diferentes se soubéssemos por meio deste aparelho que iriamos viver 1000 anos? O que construiríamos? Cairíamos no tédio de uma semi-eternidade e nos tornaríamos donos da verdade (se ainda é possível ser mais egoístas do que já o somos). Com isso, entraríamos em Guerras por poder e riquezas? Tentaríamos dedicar este tempo "confortável" para a descoberta de novas curas para enfermidades do globo?

Por que mesmo sabendo que nosso vilão, e ao mesmo tempo herói, é finito para as realizações mais urgentes e importantes, ainda somos tão resistentes a lidar com ele desta forma? Parece que há uma programação intrínseca para pensarmos que ele é infindável!

E se fosse possível comprarmos mais tempo… quanto estaríamos dispostos a dispender por algo tão incalculável?

Se o detector de vida útil nos mostrasse que temos apenas 1 mês … qual seria a primeira providência? Com quem conversar por 2 horas em um almoço agradável sem pressa para outros compromissos? Para quem pedir ou dar o perdão? Para quem agradecer e mostrar toda a gratidão por tudo que compartilhou… e dizer que com isso nos tornamos seres mais humanos?

Olhando para os capítulos passados… sabendo que há apenas mais 30 dias para construir o breve futuro… teríamos orgulho do que foi construído, ou 1 mês seria pouquíssimo para corrigir tantos atropelos?

Seria pouco tempo para se desculpar por todas as oportunidades perdidas sobre a sombra da "desculpa" de falta de tempo? Será que o tempo é tão escasso assim a ponto de nos prender em penitenciárias invisíveis que não nos permite dar atenção ao que de verdade é imprescindível?

Talvez o pior inimigo de nosso vilão (ou herói) tempo seja a ilusão da "escolha". Sim, pois quem escolhe como utilizar cada hora, cada dia, cada mês, cada ano e a vida somos nós… E se a prioridade não está focada em tudo que nos é mais importante, como base e alicerce para realizarmos todos os nossos sonhos e compromissos com nossa consciência, estamos "escolhendo" de forma automática e equivocada. E ao escrever o último capítulo, teremos mais culpa do que orgulho do exemplar publicado.

Edição    Filipe Dal'Bó e Samy Dana

Karina Cassiano

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.