A democratização do ensino e o ENEM
Por Gesley Fernandes.
Recentemente tivemos mais uma edição do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) que já se tornou uma prova tradicional para os estudantes de nosso país. A prova tem como objetivo avaliar a qualidade do ensino médio. E colateralmente tem servido para acesso ao ensino superior.
O governo federal tem estimulado que esse exame seja parâmetro para que os estudantes tenham a possibilidade de entrar nas faculdades sem ser pelo tradicional vestibular. O ENEM se diferenciaria pela forma como os conteúdos do ensino médio são cobrados. Em um vestibular tradicional temos os conteúdos cobrados como fórmulas decoradas para cada matéria em separado, em uma lógica de conhecimento acumulado. O ENEM viria para rever essa lógica e o estudante tem que fazê-lo de forma a tratar os conteúdos aprendidos durante o ensino médio de forma conjunta para resolução das questões. Ou seja, uma mesma questão pode necessitar do estudante conhecimentos de áreas diversas em conjunto, medindo competências e habilidades e não focando tanto em conhecimento acumulado.
Através do MEC, o governo federal transformou então a prova que até então era um exame de avaliação do nível dos estudantes para ser uma porta de acesso ao ensino superior. Assim o ENEM hoje tem servido como contraponto ao tortuoso processo de vestibular e tem estimulado inclusive em mudanças no mesmo.
Assim temos que olhar ao ENEM como um modelo que tem se consolidado para o Brasil no acesso ao ensino superior. O que até então era um nível de ensino excludente, onde poucos acessavam, hoje tem sido cada vez mais objeto de luta dos movimentos sociais para que tenha um acesso equânime a todos os estudantes.
Muito ainda há que se caminhar, mas hoje é claro que o ENEM abriu um caminho que não se pode mais voltar. O vestibular tradicional com seu método conteudista está cada vez mais enfrentando criticas quanto a sua real eficácia para o acesso democrático ao ensino.
Além disso, o ENEM suscita novas discussões que são necessárias para a democratização do ensino no Brasil, como política de cotas, políticas de permanência no ensino superior, entre outros. E indo além, mais marginalmente e não menos importante, o ENEM levanta questões quanto ao conteúdo transmitido aos estudantes, o que no Brasil ainda se apresenta como gargalo e que necessita uma série de discussões amplas.
O Brasil despontando como país que figura como grande ator no cenário internacional deve fazer suas "lições de casa" e tratar o acesso ao ensino superior de com uma necessidade democrática, de forma a garantir que os cidadãos que queiram ingressar nesse nível de ensino tenham possibilidade de fazê-lo e mais tenham possibilidade de cursá-lo adequadamente. E no primeiro quesito, de acesso, o ENEM tem se consolidado como alternativa viável e adequada ao perfil de nosso país.
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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