Por Vítor Steinberg

Estética não se resume somente a "filosofia da arte" ou a beleza. Os produtos de beleza vendidos na Sephora são produtos de "cosmética" porque o cosmos é o símbolo da perfeição. Para algo perfeito, há algo belo. E a beleza existe por conta da forma.

Mesmo assim, a forma não é somente visual, mas envolve todos os cinco sentidos. Por isso "estética" é a sinestesia – o sentir, a reunião das sensações. Tudo o que algo provoca em você, tudo o que algo suscita na sua alma. Arte.

Provocando Sebastião Salgado, devido a sua fotografia de ambientes de extrema pobreza, o saudoso Antônio Abujamra perguntou: "você é um amante da estética da miséria?"

Brincando com o conceito de "estética da fome" de Glauber Rocha, a crítica Ivana Bentes, em 2001, ateve sobre filmes derivativos e fofinhos ao retratarem a pobreza a designação de "cosmética da fome". É o cinema nacional com roupagem de sertão e morro, mas com hiperbólico apelo comercial.

Arte é brutal, violenta, não é coisa de menina tocadora de piano. Torcendo para você dedicar boas horas de sua vida a algumas obras incríveis, vou classificar a minha lista pessoal das sete maravilhas da arte. Pode ser que uma outra seja um verdadeiro guilty pleasure, mas sublinho que em geral, a lista foi sendo construída com o andamento do tempo, como a maturação de um Whiskey.

1 – O ciclo operístico "O Anel dos Nibelungos" de Wagner;

2 – Os três grandes balés de Tchaikovsky: "O Lago dos Cisnes", "A Bela Adormecida" e "O Quebra-Nozes";

3 – A comédia "Muito Barulho por Nada", de Shakespeare;

4 – As esculturas em madeira de Riemenschneider;

5 – As nove sinfonias de Beethoven;

6 – "Acossado", filme de Godard;

7 – "O Perfume", livro de Patrick Süskind.

Edição Final: Guilherme Mazzeo