A formação do Mundo Moderno (I)
GVcult
30/06/2015 06h00
Por Bernardo Buarque de Hollanda
1. O Mundo no final do século XV
Cronologia Sumária:
1453: tomada de Constantinopla pelos turcos;
1469: casamento de Fernando de Aragão e Isabela de Castela;
1483: morte de Luís XI;
1485: fim da guerra das Duas Rosas na Inglaterra;
Ao final do século XIV, apesar do poderoso fator de unidade que constitui o cristianismo, o sonho medieval de uma Europa cristã unida sob a dupla autoridade do papa e do imperador tende a se apagar diante do fracionamento dos Estados, das monarquias feudais e dos pequenos principados. Depois dos desastres do século XIV e da primeira metade do século XV, a população europeia conhece um crescimento geral, que é somente uma recuperação, no quadro de estruturas demográficas que não mudarão antes do fim do século XVIII. A economia é dominada pelo setor agrícola, mesmo em um país onde a atividade artesanal e comercial tomou grande amplitude. A leste, os Turcos perseguem sua expansão. A Ásia é o continente de contrastes e a América é ainda desconhecida dos europeus.
2. As grandes descobertas
Cronologia Sumária:
1492: Cristóvão Colombo alcança o Novo Mundo;
1498: Vasco da Gama chega a Calicute;
1519-1522: circunavegação de Fernão Magalhães;
1519-1520: conquista do Novo Mundo por Cortez;
1531-1533: conquista do Peru por Pizarro.
Tapeçaria retratando a chegada de Vasco da Gama a Calicute (Índia). Integra o Acervo Museológico da CGD (Lisboa).
Movidos por critérios a uma só vez econômicos e religiosos, os Portugueses procuram alcançar a Ásia por mar, contornando o continente africano. Eles o conseguem após um século de exploração metódica da costa ocidental da África: em 1498, Vasco da Gama chega à Índia após dobrar o Cabo da Boa Esperança. Por sua vez, Cristóvão Colombo, procurando a pedido do rei da Espanha a rota da Ásia pelo Oeste, se defronta com um novo mundo, até então desconhecido dos europeus. As grandes descobertas culminam assim com a expansão da Europa sobre o mundo e com o aparecimento de uma economia mundial do qual o velho continente é o motor e o beneficiário.
3. Humanismo e Renascença
Cronologia Sumária:
1455: primeiro texto impresso por Gutenberg;
1506: começo da reconstrução da capela de São Pedro, em Roma;
1519: morte de Leonardo Da Vinci em Amboise;
1527: saque de Roma;
1536: morte de Erasmo de Roterdã, autor de Elogio da loucura;
O humanismo, do qual Erasmo é seu mais ilustre representante, se desenvolve no século XV na Itália e se difunde em toda a Europa, graças, notadamente, à imprensa. Trata-se ao mesmo tempo de uma filologia – método de estudo e de crítica de textos antigos – e uma filosofia – tomada de posição otimista sobre todos os grandes problemas em que o homem está implicado. Mas o ideal humanista não constitui uma resposta satisfatória à inquietude religiosa do tempo. E mais: ele não favorece o progresso científico e o desenvolvimento das línguas e das literaturas nacionais se faz, em parte, contra ele. A Renascença artística é ela também baseada na redescoberta da Antiguidade e seu berço é igualmente a Itália do Quatroccento, em especial Florença e Roma. Os grandes artistas contribuíram a fixar o ideal clássico no qual se inspiraram, com nuances segundo o território, os artistas europeus.
4. As reformas religiosas
Cronologia Sumária:
1517: as 95 teses de Lutero;
1536: O Instituto Religioso Cristão, de Calvino;
1545: abertura do Concílio de Trento;
1555: paz de Augsburg;
1563: encerramento do Concílio de Trento.
Ao fim do século XV, a sociedade europeia é unanimemente cristã. Todavia, a religião dos leigos é uma mistura de cristianismo oficial ensinado e de crenças e práticas mais ou menos mágicas. Ademais, um sentimento de inquietude se generaliza, ao qual o clérigo, irritado por suas próprias insuficiências, responde mal. A profunda reforma da Igreja, em sua cabeça e em seus membros, que os melhores dos clérigos e dos leigos chamam de suas vozes, se faz cedo sem ela mesma e contra ela mesma, com Lutero e depois Calvino. É apenas tardiamente que a Igreja romana decide-se a empreender a sua própria reforma, tentando reconquistar o terreno perdido, o que será em vão, pois a unidade cristã não é mais restabelecida.
5. A Europa da primeira metade do século XVI
Cronologia Sumária:
1494: início das guerras da Itália;
1515: Francisco I, rei da França, batalha de Marigan;
1519: eleição do imperador Charles Quinto;
1531: Henrique VIII, chefe da Igreja da Inglaterra;
1559: Tratados do Cateau-Cambrésis.
Entre 1494 e 1516, a península italiana é o teatro de tentativa dos reis da França de tomar Milão e o reino de Nápoles. Em 1519, Charles de Habsburgo, chefe da Casa da Áustria e rei de Espanha, é eleito imperador sob o nome de Henrique Quinto. Seu poderio é considerável, mas ele é mais aparente que real, haja vista o caráter disperso e heterogêneo de suas possessões. Ele não tem o mesmo poderio do rei da França que, sob Francisco I e Henrique II, reforça sua autoridade. A ameaça de cercamento de Charles Quinto faz pesar sobre a França explica a luta que opõe, entre 1519 e 1559, a França e a Casa da Áustria, a Inglaterra de Henrique VIII exercendo um papel de árbitro.
Edição Filipe Dal'Bó e Samy Dana
Sobre o editor
Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.
Sobre o Blog
O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.