Por     Silvia Goes

Se fazemos música, um produto consumido inquestionavelmente pela grande maioria da população, estamos correndo um grande risco de cair na armadilha do estrelato. O objetivo não é e nunca foi esse. Mas alguns profissionais se perdem logo no início da carreira e começam acreditando que devem trabalhar para atingir a fama.

Em geral, eles vão perceber o que fizeram, o que criaram para suas vidas, somente mais tarde. Quando a cobrança ficar insuportável. E quando sentirem que abriram mão de muitos momentos importantes na vida vão tentar recuperar com o que sobrou. Isso não é uma regra – há quem possa conviver com a fama, talvez.

O ponto central deste comentário é que deveríamos prestar mais atenção naquilo que desejamos. Estudar e se desenvolver e sempre descobrir novos caminhos é saudável, nos mantém vivos. Em qualquer profissão e também na música é fundamental esse desenvolvimento. Mas a importância de tudo isso, ainda que beneficie o coletivo, deve em primeiro lugar beneficiar a própria pessoa. Estar atento ao estilo que você gosta de tocar (isso inclui os caminhos harmônicos, rítmicos e melódicos) é a sua "lição de casa".

Sei que é difícil conviver com uma sociedade que não só alimenta esse tal estrelato, como também determina ser o único alvo a atingir. O músico só tem valor se ele aparece na TV ou tem uma venda de discos ultrapassando milhões. Ou ainda pior, o músico que tem muito valor, deveria fazer algo mais simples para atingir o sucesso, uma vez que aquela música pode ser boa, mas ninguém compreende.

Hoje a minha pergunta é: por que o artista (músico, ator, bailarino, escritor, pintor etc etc etc) deve ser famoso?

Quem tem esse pensamento certamente nunca foi!

Edição    Filipe Dal'Bó e Samy Dana