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Distância "secular"

GVcult

16/07/2014 09h00

Por Silvia Goes. 

Fico imaginando como era o estudante de música no século XVIII (época em que o estudo formal da música se inicia). Qual era a música que ele ouvia e tocava? Sem dúvida, a percepção harmônica era mais estimulada, pois as composições da época traziam um número maior de complexidades. A orquestra oferecia sonoridades que destacavam com ênfase os caminhos harmônicos. Mesmos as composições mais simples, mais singelas, prezavam pela harmonia necessária.

Talvez até pela ausência das palavras, o compositor se dedicava a criar uma melodia e uma seqüência harmônica que fosse capaz de transmitir o que ele desejava dizer.

E era em meio a esse cenário musical que o jovem estudante de música se desenvolvia.

Um dos comentários freqüentes que ouvimos hoje em dia é sobre a ausência de grandes compositores – em proporção ao que já existiu em outros séculos. E é essa a questão que hoje me cerca.

Como vive o nosso jovem estudante de música hoje? O que ele ouve? O que ele toca? Como desenvolve suas referências harmônicas? De que maneira ele quer se comunicar?

O som consumido atualmente está extremamente rico em timbres, efeitos, ritmos e palavras, porém muito pobre harmonicamente.

Como esperar que um novo compositor pense em caminhos harmônicos, tenha necessidade deles, procure por eles, se ele não convive mais com essa sonoridade?

É mais ou menos como o respeito pela sabedoria daqueles que já viveram muitos anos. Se uma criança não vê seus pais respeitando os mais velhos, ela não saberá que essa é uma atitude boa para aprender. Assim como se ninguém proporcionar a ela a possibilidade de ouvir músicas bem harmonizadas, não saberá reconhecer a falta de harmonia no som que ela consome. E quando ela vai para uma escola estudar musica, não consegue entender aquela teoria. E finalmente, se um dia ela quiser ensinar música para alguém, não saberá explicar o que está ensinando!

Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.

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Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

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O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.

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