Por Angela Costa de Souza.

Conversando com minha prima, que é mãe de três lindas meninas, levantamos a questão da importância de ensinar/viver cultura desde os primeiros anos de vida de uma criança. Mas por que falar em crianças e educação numa coluna sobre mercado cultural? A resposta é simples: porque a qualidade dos profissionais do mercado de amanhã depende exclusivamente da educação e base social que tiverem a partir de hoje.

A cultura é peça chave para a valorização do cidadão e de seus ascendentes, além de trabalhar o capital social e simbólico do ser humano. Estimular a inteligência, criatividade, habito de leitura e a ludicidade nas brincadeiras são fontes inesgotáveis de inserção infantil à cultura. É uma realidade da sociedade brasileira valorizar eventos e datas comerciais, desde de que sejam importados.

Não é difícil entender este posicionamento. Basta fazer um teste. O que se comemora no dia 31 de outubro? Se sua resposta imediata foi Halloween, béééé! Resposta errada! Isso é sinal de que você também foi contaminado, por osmose, pela cultura norte-americana. Mas, se você respondeu 'ah, se comemora o Dia do Saci', ou o aniversário de nascimento do escritor Carlos Drummond de Andrade, parabéns! Você realmente conhece um pouco de folclore ou literatura brasileiros.

Tá, já entendi que precisamos passar o máximo de cultura regional para as crianças e que isso terá um reflexo positivo no desenvolvimento da sociedade moderna brasileira, mas como trabalhar isso com as crianças?

Não sou educadora, mas tenho uma vasta experiência na implementação de projetos socioeducativos, que me fizeram olhar algumas práticas corriqueiras com outros olhos. Farei uma listinha de seis coisas importantes para inserir a cultura no dia a dia dos pequeninos e dos grandinhos também:

1. Livros: contar e viver histórias estimula a criatividade de quem lê e de quem ouve, enriquece o vocabulário, amplia o conhecimento geral e desenvolve o repertório pessoal e profissional.

2. Teatro: também é a arte de contar histórias. Para os pequenos, podem ser utilizados bonecos de fantoches, marionetes, dedoches, sobras e origamis, sempre contextualizando o espectador com temáticas apropriadas para a idade e para possíveis ensinamentos comportamentais.

3. Dança: nem que seja em casa com som alto e todas as cortinas fechadas. A dança estimula a relação interpessoal, a coordenação motora e a criatividade.

4. Culinária: cozinhar é bom pra adultos e crianças. É fundamental para a união familiar e para o trabalho em grupo. Fazer a comida é um processo, algumas vezes demorado e prazeroso, além de ser uma descoberta de aromas, texturas e cores, capaz de potencializar o ensinamento dos cinco sentidos.

5. Música: hoje é muito fácil encontrar crianças cantando e dançando músicas cujas letras não são tão educativas, mas e aquela velha e incrível música Aquarela do Toquinho? Quantas crianças sabem cantar cai cai balão? O que realmente pode ser agradável aos ouvidos das crianças?

6. Arte: qualquer tipo de atividade manual, seja com argila, colagens, recortes, papel marchê ou objetos recicláveis. O artesanato também estimula a criatividade, e a ludicidade faz com que a criança represente sua realidade no trabalhos realizados de maneira artística e muito significativa.

Desse modo, com a cultura sendo parte do cotidiano, seu consumo aumenta, provocando o aquecimento do mercado, a movimentação a economia e o desenvolvimento social. É importante ter acesso a diferentes culturas, mas mostrar aos pequeninos nossas danças, música, folclore, comidas típicas, festas e sotaques fará deles cidadãos que sabem lidar com as diferenças de seu povo e que conhecem a diversidade de seu país. A criança só precisa ser estimulada!

Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.