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GV CULT - Criatividade e Cultura

Inimaginável 2

GvCult - Uol

11/02/2021 07h22

Amilcar de Castro "Sem Título" – Óleo Sobre Tela

Por Vítor Steinberg

No Egito, múmia é achada com língua de ouro para "falar com Deus". No Egito, já existia a palavra "alma" – e era Ka. O termo "egiptologista" nasceu na época de Napoleão, que levou ao Cairo astrônomos, historiadores e artistas para desvendar os tesouros dos faraós e estudar seus mistérios. Se estourasse corda no pescoço das mulheres, era sinal de que estavam grávidas. Zoroastro, em grego Zaratustra, fundou a religião que leva seu nome – e sobrevive atualmente, sobretudo entre os Parsis da Índia.

Quarenta mil Parsis vivem em Mumbai. Freddy Mercury era zoroastriano. Em todo templo, a pira eterna Ahura-Mazda representa o bem e Ahriman, a escuridão. Os grupos Tamoios e Tupiniquins eram inimigos antes da chegada dos portugueses. Os demônios na mitologia árabe eram os Djinn, nascidos do fogo. Eles escondiam-se em livros, anéis e – mais conhecido – lâmpadas. Da palavra djinn aparece a palavra "gênio".

Os Khlysty, grupo pagão underground ritualista da Rússia (do qual Rasputin foi membro), cortavam o seio de uma virgem e comiam no fim do ritual. Rasputin, o monge louco da Sibéria, controlou o império russo por magia em pleno século XX. Antigamente, também na Rússia, os tradicionalistas que quisessem manter a barba longa e não seguir o padrão europeu de "cara limpa", deviam pagar um imposto e usar um medalhão que comprovasse o pagamento.

As sereias que atormentam Ulisses não eram metade mulher e metade peixe. Eram aves com rostos de mulher. Para não ouví-las, Ulisses se amarra ao mastro e joga cera quente nos ouvidos. A língua dos anjos é o Enoquiano. Hoje, grupos de metal pesado da Finlândia ainda cantam no idioma. A bruxa se se apaixona, perde os dons. O alquimista Hennig Brand, ao tentar desvendar a pedra filosofal, achou (ao dissecar urina) um pó que pegava fogo, como mágica, faiscante. Disse: fiat lux! ("faça-se a luz!") e assim criou, sem querer, o palito de fósforo. Em uma tribo, mulher menstruada não podia dançar a noite. No judaísmo hassídico, a esposa menstruada não pode dormir na mesma cama que o marido (até ficar "pura" novamente).

Haux. É uma palavra sagrada dita pelo grupo indígena Kaxinawá, Yawanawá, ou colegas do idioma txai, usada também para iniciar e fechar os rituais medicinais. Tem como  significado primário "que venha a cura!"

Tradicionalmente, se a pessoa não for pajé e nunca tomou Rara, a planta de iniciação, não é permitido pronunciar essa palavra, pois haux é uma forma do pajé transpirar o poder que está dentro dele para repassar para outras pessoas o influxo de cura. Falar  haux  sem iniciação e em momentos impróprios é considerado insulto aos líderes espirituais… Quem faz isso é chamado de txau kesha, boca-de-cobra-facão, não vale de nada…

Vasculhando o mundo, em busca da inspiração e da musa que abre as estrofes dos poetas. Nada. Vivemos um estado de entropia, empobrecedor.

 

ass: mano zica do cinema.

Edição Final: Guilherme Mazzeo

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.