"Hamlet-ex-Máquina" em 2019 por 42 Coletivo Teatral no CCSP.
Por Guilherme Mazzeo
O Coletivo Teatral 42, está em cartaz com Hamlet Ex-Máquina no Centro Cultural São Paulo desde o dia 17 de Setembro, e nessa semana encerra a temporada com as suas últimas duas apresentações: na terça-feira dia 22 e na quarta-feira dia 23.
A resistência é a esfera central da peça, é um teatro claramente crítico sobre o mundo que nos cerca e com enorme qualidade cênica e estética, a trupe reconhece o atual cenário político do pais, denuncia as mazelas sofridas pelo povo sob o atual governo a fim de se livrar delas e poder viver um futuro próspero e digno.
Resistir é a palavra: o teatro, a arte é uma via direta de resistência numa sociedade, com muito estilo e muita inteligência passa pelo tempo trasnformando a sociedade, as inspirações a partir de uma peça como essa são muitas e é com muito orgulho que um país pode mudar seu rumo a partir de movimentos artísticos que ao fim buscam justiça e dignidade humana para todos.
Com o texto de Heiner Müller muito bem adpatado pela diretora Érika Bodstein, com trechos originais da obra de Shakespeare, é uma performance que se passa em um bunker onde os atores sobrevivem ás grandes catástrofes das histórias de Shakespeare e Müller e além disso transmite a resistência do teatro que segue vivo apesar de todo cenário de desmonte cultural vivido nos dias atuais no Brasil, é apresentada em quatro idiomas, sem legenda: português, alemão, inglês e espanhol, uma proposição vinda de Müller que se concretiza: a natureza humana do teatro é capaz de se comunicar independentemente da linguagem ou língua.
Hamlet-ex-Máquina é uma peça sobre a capacidade humana de se transformar diante de suas (pequenas ou grandes) tragédias diárias. Hamlet deve vingar o pai e lutar por justiça. Esse jovem, criado por William Shakespeare, e relido por Heiner Müller, e pelo 42 Coletivo Teatral, usa a arte para lutar contra a corrupção, contra "algo de podre" que existe no "reino da Dinamarca". A peça apresenta um novo Hamlet, que está para além da máquina, não é mais um número na engrenagem do sistema, ao contrário, promove reflexões sobre a condição do homem no mundo atual.
"Ao lançar mão do texto de Heiner Muller e por meio dele invocar o entrelaçamento intertextual com Shakespeare, o 42 Coletivo de Teatro procura, precisamente, a construção de um olhar crítico para esse presente sócio histórico, e assume seu trabalho como um ato de resistência."
(Maria Sílvia Betti, "Hamlet-ex-máquina", 2019, no prelo)
Depoimento da diretora:
Fazer teatro ou ir ao teatro hoje é muito mais que gostar de arte (ou entretenimento), é ação consciente, é prática de cidadania, é luta, comunhão e encontro. É fazer a sua parte e apoiar outro ser humano em sua batalha cotidiana. Essa é uma possível revolução na qual eu acredito, uma busca pelo novo.
É uma honra para mim dirigir o 42 Coletivo Teatral e a peça Hamlet-ex-máquina. É uma alegria trabalhar todos os dias com pessoas maravilhosas, gente verdade que está presente no palco e na plateia, incluindo Shakespeare e Heiner Müller.
Gratidão a todos que compareceram e ainda comparecerão ao CCSP para ver nossa peça. Vocês alimentam minha fé e dão força para quem, como eu, precisa ter muita coragem porque "vive e canta no mau tempo". (o verso de Procelária, é de Sophia de Mello Breyner Andersen).Érika Bodstein. 17.10.2019.
Não percam a oportunidade de assistirem a este espetáculo:
HAMLET-EX-MÁQUINA
22 e 23 de Outubro às 20hrs.
Centro Cultural São Paulo – Sala Adoniran Barbosa
Ingressos: R$ 20,00 (Inteira) | R$ 10,00 (Meia)
Classificação indicativa: 16 anos
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