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GV CULT - Criatividade e Cultura

A formação do Mundo Moderno (III)

GVcult

28/07/2015 06h00

Por    Bernardo Buarque de Hollanda

11. Os Estados da Europa continental no século XVII

Palácio de Charlottenburgo

Vista do Palácio de Charlottenburgo, um antigo palácio real do Reino da Prússia, localizado no povoado de Charlottenburg, distrito berlimense de Charlottenburg-Wilmersdorf, na Alemanha.

Cronologia Sumária:

1640: Portugal recupera sua independência face à Espanha;

1658: Leopoldo I da Áustria, imperador;

1689: Pedro I, czar da Rússia, toma o poder;

1700: Morte de Charles II da Espanha. Filippe V, rei da Espanha;

1701: Frederico III, de Bradenburgo, torna-se Frederico I, rei da Prússia.

Sob os três últimos Habsburgos, a Espanha conhece uma decadência que se traduz no enfraquecimento do Estado e em uma grave crise econômica e social. Esta crise atinge também as possessões espanholas na Europa – Países Baixos, Milão, Nápoles e Sicília – e permite Portugal de recuperar sua independência. Os tratados de Westphália confirmam a divisão política e religiosa da Alemanha. Os príncipes são praticamente independentes e os poderes do imperador, puramente honoríficos. Entre os estados alemães, o papel de Bradenburgo não para de crescer. Quanto aos Augsburgos de Viena, marca sua derrota na ambição alemã de tentar fazer de suas possessões um vasto Estado centralizado no Danúbio. Na Europa setentrional e oriental, o esvaziamento da Suécia após a derrota de Charles II e também da Polônia facilitam a meta da Rússia de se tornar a grande potência europeia graças a Pedro, o Grande.

 12.  A França de Luís XIV (1661-1715)

Leito de morte de morte de Luís XIV, Palácio de Versalhes. Desenhado em 1746 pelo abade Delagrive, geógrafo da cidade de Paris. Fonte: wikipedia

Cronologia Sumária:

1661: começo do reino pessoal de Luís XIV;

1682: a Corte se fixa definitivamente em Versalhes;

1683: morte de Colbert;

1685: revogação do Édito de Nantes;

1715: morte de Luís XIV, chegada de Luís XV.

No dia seguinte à morte de Mazarin, começa o reino pessoal de Luís XIV. Ajudado por alguns colaboradores bem escolhidos, notadamente Colbert e Louvois, que o aconselha, mas não decide, Luís XIV reforça em todos os domínios a autoridade monárquica e trabalha para a prosperidade do país. A Corte, verdadeiro instrumento do reino, reside definitivamente em Versalhes desde 1682. A revogação do Édito de Nantes é decidida pelo rei em 1685, a fim de restabelecer a unidade religiosa, mas se revela, desse ponto de vista, uma derrota. A última parte do reinado é marcada por dificuldades financeiras crescentes, ligadas notadamente às necessidades da guerra quase continuada de 1689 a 1714. Na medida em que Luís XIV falece em 1715, ele deixa a seu sucessor, com apenas cinco anos de idade, um país relativamente próspero, em função da miséria das classes populares, mas com um Estado à beira da bancarrota.

13.  Luís XIV e a Europa (1661-1715)

Batalha do Vigo. Pintura de Ludolf Backhuysen (aprox. 1702)

Cronologia Sumária:

1678/1679: Tratados de Nimègue;

1684: Trêve de Ratisbonne;

1697: Tratados de Ryswick;

1702: Começo da guerra de Sucessão da Espanha;

1713-1714: Tratados de Utrecht e de Rastaldt.

A partir de 1661, Luís XIV aproveita todas as ocasiões para afirmar a glória do Rei "muito cristão" e o poderio da França. No entanto, a guerra contra a Holanda (1672-1679), a fim de abaixar o poderio econômico neerlandês, não termina com o resultado esperado. O monarca francês se lança então em uma política aventureira de anexações, em plena era de paz. As provocações de todos os tipos feitas pelo Rei-Sol, em menos de dez anos (1679-1688), resultam em uma coalizão numerosa de Estados europeus. Sob a pena de uma custosa paz restabelecida, a aceitação do testamento do rei da Espanha em favor de seu filho Philippe Anjou (1700) provoca rapidamente uma nova guerra, dita de Sucessão da Espanha, entre a França e a Espanha, de um lado, e a maior parte da Europa, de outro. Vencido, Luís XIV deve aceitar que a predominância francesa dos anos 1660-1684 desse lugar a um equilíbrio entre as três grandes potências: França, Inglaterra e Áustria.

14.  A Civilização europeia no século XVII

Academia francesa

Instituto da França, sede da Academia Francesa, em Paris.

Cronologia Sumária:

1635: Fundação da Academia Francesa;

1656/1667: Construção da Praça de São Pedro em Roma, por Bernini;

1661/1670: Trabalhos de Le Vau em Versalhes;

1697: "Dicionário histórico e crítico", de Bayle;

1690: "Ensaio sobre o governo civil", de Locke.

A arte barroca, nascida em Roma em torno de 1600, caracteriza-se pelo movimento e pela ostentação. É também uma arte católica. Ela triunfa, sobretudo, na Itália, na Península Ibérica, nos Países Baixos espanhóis e, em um degrau menor, na França. Mas outros países, como a Inglaterra e as Províncias Unidas, recusam-na. A França de 1660 vê triunfar o ideal clássico feito de clareza, medida e obediência às regras, assim como nas letras e nas artes. Não sem certas sobrevivências da estética barroca, Versalhes simboliza esta arte clássica para a glória da monarquia de Luís XIV. Enquanto isto, no restante da Europa católica, notadamente nos Estados Augsburgos de Viena, a arte barroca floresce e oferece algumas de suas obras-primas. A partir de 1680, sob a influência do cartesianismo, alguns pensadores colocam em questão, em nome da razão, o princípio de autoridade, fundado sobre a ordem estabelecida.

Edição    Filipe Dal'Bó e Samy Dana

Bernardo Buarque de Hollanda

Sobre o editor

Guilherme Mazzeo é coordenador institucional do GvCult, graduando em Administração Pública pela FGV-EAESP. Um paulista criado em Salvador, um ser humano que acredita na cultura e na arte como a direção e o sentido para tudo e para todos. A arte é a mais bela expressão de um ser humano, é a natureza viva das coisas, a melhor tradução de tudo. Só a cultura soluciona de maneira sabia e inteligente tudo, a cultura é a chave para um mundo melhor, mais justo, livre e próspero! Devemos enaltecer e viver nossas culturas de forma que sejamos protagonistas, numa sociedade invasiva e carente de: vida, justiça, alegria e força.

Sobre o Blog

O GV Cult – Núcleo de Criatividade e Cultura da FGV desenvolve atividades de criação, fruição, gerenciamento, produção e execução de projetos culturais e de exercícios em criatividade.