O que carrego em minha bagagem?
Por Marcio Samia e Natalia Esteves
Certa vez, ao realizar uma viagem ao norte da Espanha com o objetivo de percorrer o famoso Caminho Francês rumo a Santiago de Compostela, fui questionado por um senhor:
– Jovem, o que você carrega em sua bagagem?
Aquela, que deveria ser uma resposta simples e que talvez servisse apenas como curiosidade para alguém que quer saber como uma pessoa sobrevive andando 28km por dia, durante cerca de 30 dias entre vilarejos e povoados, tornou-se, para mim, fonte de uma profunda reflexão.
Para fazer uma boa caminhada, é importante que nossa mochila esteja o mais leve possível para que o trajeto se torne mais tranquilo e agradável. Também é importante que esteja carregada com itens essenciais à sobrevivência, caso imprevistos surjam no caminho. Acontece que inesperadamente, uma nevasca, o calor ardente de um deserto, um ferimento nos pés ou qualquer outro obstáculo que se apresente, faz com que a caminhada se torne mais dura. Nestes momentos é preciso saber se adaptar. Conseguir driblar os desafios e seguir adiante, mesmo que a passos curtos. O importante é não parar!
A pergunta do senhor espanhol me fez pensar que a nossa vida é bem parecida com uma longa caminhada. Ao longo dessa jornada acumulamos bens materiais, experiências, conhecimento, culpas, afetos e desafetos. Tudo isso será agregado ao "peso" que deveremos levar conosco, onde formos, em nossa bagagem.
Momentos turbulentos, como a falta de um emprego, uma doença ou até o falecimento de uma pessoa próxima, podem fazer com que fiquemos confusos e até mesmo desanimados de continuar. Porém, assim como na caminhada, é fundamental adquirir resiliência. Conseguir ultrapassar os limites físicos e emocionais e manter-se de pé, com a certeza de que o mais importante não será o destino final da jornada, mas sim a própria história que se constrói no trajeto. Para isso é importante que a nossa "bagagem" seja "leve". Que as experiências e buscas sejam essenciais e que consigamos descartar "pesos" desnecessários para seguirmos melhor.
As adversidades, muitas vezes, fazem com que desenvolvamos uma maior atenção sobre nossas ações e, porque não, sobre a falta delas também.
"De vez em quando é importante retirar-se do seu lugar comum. Nós fazemos isso com uma mochila nas costas"
Edição Filipe Dal'Bó e Samy Dana
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