Os neurônios músicos
Por Silvia Goes.
Nosso cérebro abriga uma orquestra completa. Temos todos os instrumentistas com seus respectivos instrumentos, que são os talentosos neurônios, sempre prontos a executar qualquer tipo de função sugerida.
Esse é um fato incontestável que por si só já seria motivo de alegria.
Nesse belo conto de fadas, tudo estaria saindo muito bem, não fosse pela dúvida sobre como comandar essa orquestra e reger esses músicos! Sempre os músicos!
O papel de maestro, originalmente seu, não exige um grande currículo. Basta conhecer-se bem, ter muita atenção sobre todas as emoções que ocorrem internamente e criar suas próprias trilhas, lembrando que elas ficarão gravadas em sua memória, e por essa razão precisam ser bem escolhidas. Esses sons irão, com certeza, acompanhá-lo por toda a sua vida.
Aí, de repente, você se cansa e abandona o cargo. Não quer se dar ao trabalho de pensar em como reger esses músicos. Não há problema; um mecanismo (automático) assume essa função. Nosso cérebro é assim: se você não sabe bem o que fazer, ele inventa na hora! O fato é que nenhuma cena ficará sem trilha!
No entanto, a melhor regência para essa orquestra continua sendo a nossa. Mas quantas pessoas sabem como dirigir esses músicos internos?
A maioria provavelmente nem chegou a imaginar essa possibilidade. Então vamos lá, contribuir um pouco com algumas informações básicas:
1º – não é necessário saber tocar algum instrumento…
2º – mas é necessário saber ouvir uma musica.
3º – como toda ação que aprendemos a fazer, essa também necessita de observação. É recomendado ver um maestro regendo uma orquestra.
4º – observe que a orquestra obedece à intenção do maestro. Existem notas escritas na partitura, mas a maneira como elas serão tocadas depende diretamente de como o maestro indica: o tempo de duração da nota, a força de cada uma delas (mais forte ou mais fraca) e outros sinais como, por exemplo, hora de tocar ou de ficar quieto! Entendeu a razão de os músicos estarem sempre com um olho na partitura e outro no maestro?
Não vamos escrever notinhas para os neurônios, nem distribuir partituras, nem montar cadeirinhas para que fiquem sentados… Enfim, temos internamente o que conhecemos hoje como uma orquestra virtual. O som que será executado dependerá da cena que estiver acontecendo, ou melhor, da maneira como vamos perceber essa cena. Então, como acontece nos filmes, a trilha sonora pode mudar a intenção da cena!
"Abrigar novas práticas internas é uma forma de cuidar do nosso corpo."
Edição: Samy Dana e Octavio Augusto de Barros.
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